domingo, 30 de março de 2014

Sobre a recente pesquisa e sua posterior repercussão:

Nos últimos dias saíram notícias de uma pesquisa( realizada pelo IPEA) que apontavam dados alarmantes sobre a opinião do brasileiro a respeito de casos como estupro, aceitação de casamento entre homossexuais,dentre outros e, nessa semana, começaram os debates acalorados sobre o tema. Surgiram campanhas levantando a bandeira de um lado e opiniões divergentes de outro.Bom, não vou exprimir uma opinião para o debate, mas sobre o debate. Direi com tranquilidade: Católicos, Evangélicos e Conservadores em geral não debatam com essas pessoas. Como assim não debater? Explico.
Baseio esse raciocínio em artigos de Olavo de Carvalho(1).Nesse tipo de discussão não se entra no conteúdo do debate, mas no ardil psicológico usado. Ele é feito para causar instabilidade e provocar reações, provando a tese levantada. Vou explicar melhor. Tomemos um exemplo: "A sociedade é machista". Como analisar esse pensamento? Se fosse uma discussão normal, onde exista um lado contra e um favorável bem como regras para os debatedores, pode-se aceitar recursos argumentativos onde um lado tenta mostrar seu ponto e o outro refuta. Só que neste tipo de afirmativa somente um lado quer essa polidez enquanto o outro usa de outros recursos que não são usados por todos no "debate".
Voltemos ao exemplo. Quando dizemos que a sociedade é machista, duas vertentes são usadas para vencer o embate. A primeira é a própria afirmação, onde os grupos que propuseram essa frase se apoiam e defendem esse "argumento", e uma segunda linha que depara justamente com a oposição, ou seja, quando alguém contesta o argumento, consolida a prova cabal que a afirmativa é verdadeira. No caso, não provando-a , mas mostrando o quanto o rebatedor é, no caso, machista. O pensamento é dialético( por contradições) e deve ser encarado dessa forma. Não é apenas uma simples discussão, é uma tentativa de vencer de toda a forma o embate. 
Para mostrar como o pensamento argumentativo sozinho não funciona, imaginemos esse debate e o que é contra usa, por exemplo, as próprias feministas dizendo que " se a sociedade inteira é machista e as feministas fazem parte da sociedade, logo elas são machistas". Neste caso usou-se um exemplum in contrarium(2){um exemplo que contradiz a afirmação e, portanto, invalidando-o}, recurso lógico aceitável, provando que elas estão erradas pois elas não se incluem como machistas, uma vez que combatem o machismo. Então como responderiam? Passando por cima do seu argumento e invalidando-o.Portanto, não se deve entrar no debate em si, mas denunciar o árdil utilizado. No caso que está em voga a tática utilizada é A PESQUISA. É necessário contestar a pesquisa em si, como é feito nesses artigos(3)(Notas finais), desmascarando a desonestidade e a maldade que foi impregnada neste caso.

Dado o recado vamos a segunda parte(4):
Ao lermos às notícias ficaremos certamente alarmados, mas, ao analisarmos seriamente a pesquisa, a coisa muda de figura. É necessário ressaltar que as perguntas são indutivas e as conclusões não são corroboradas pelos fatos.Exemplo disso é a questão 25 que diz assim: "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros" grande maioria respondeu afirmativamente(58%). Ao analisar a afirmação percebe-se claramente que é uma afirmação genérica e que é de senso comum da população (fato que também precisa ser considerado, que a média salarial dos pesquisados era de R$531,26 e a percentagem de pessoas com nível superior era apenas de 5,4%) e, portanto, na maioria das vezes aceitável por elas.
Outro exemplo é a questão 12 "Em briga de marido e mulher, não se mete a colher" e a conclusão tirada é mais estarrecedora ainda. Os pesquisadores concluíram que "quando é apresentada uma assertiva que menciona explicitamente a ideia de que a violeência dever ser resolvida somente no âmbito doméstico, o nível de concordância cai um pouco: 63% das pessoas entrevistadas concordaram com a ideia de que 'casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família'". É notório que a interpretação é tendenciosa e que a afirmação acima tem várias interpretações( nem é preciso mencionar que é um ditado popular amplamente conhecido pelas pessoas). Também é levantado o fato de que 65% dos entrevistados concordaram com esta afirmativa:" Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". E mais uma vez a conclusão chegada é absurda. Portanto, é necessário desmascarar esse tipo de pesquisa tendenciosa e que em nada contribui para um real debate e uma real discussão a respeito do tema.

PS:Cabe ressaltar que não está sendo defendido aqui  a violência contra a mulher nem o estupro, longe disso, qualquer pessoa racional, e me incluo nisso, é notoriamente contra. O que está sendo abordado aqui é a PESQUISA e a DISCUSSÃO que está por trás disso.

1-Artigos mencionados: Como debater com esquerdista, A mentalidade revolucionária,Ainda a mentalidade  revolucionária.Que estão no livro “O Mínimo que você precisa para não ser um idiota” as páginas 239, 186 e 191 respectivamente.Para quem se interessar pelo assunto e quiser aprofundar é recomendado  os livros: James H. Billington Fyre in the minds of men The Liberal Mind de Lyle H. Rossiter.

2- Como vencer um debate sem ter razão de Arthur Schopenhauer na pp.226

3-Artigos do Felipe Moura Brasil: 



4-Pesquisa do IPEA: 



3 comentários:

  1. E agora tentam nos enfiar uma "errata" guela adentro! Ave canalhas!!!

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  2. O detalhe da errata depois do estardalhaco e com a exoneracao do diretor de pesquisas fica dificil acreditar na seriedade da explicaao.

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  3. De fato. A pesquisa não merece crédito. E o pior....que mesmo após a errata ainda dão repercussão para ela.

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